As notícias da tragédia de 2010: os incêndios florestais 2

Semanário Transmontano, 03/09/2010, Margarida Luzio

“Tanto trabalho para agora ir tudo pela a água abaixo!”

Eram cerca de 16h30. Nelson Gomes estava junto à sua vacaria, cercada de pinhal por todos os lados, como toda a aldeia de Covas de Barroso. O incêndio, parecia-lhe a ele, ainda andava longe. E andava, mas, de repente, levantou-se vento e as labaredas começaram a avançar a um ritmo alucinante e as falmegas acabaram por atingir o armazém do agricultor. “Quando dei conta, só tive tempo de fugir. Foi uma coisa muito rápida, nem a porta aos vitelos tive tempo de abrir”, recorda Nelson. Felizmente, os treze animais conseguiram sair sozinhos. “Sabe o que valeu? É que a fechadura era de pobres, um baraço dos fardos. E, eles, coitadinhos, quando se viram aflitos, forçaram e fugiram”, recorda uma familiar do jovem agricultor.
Reduzidos a cinzas ficaram os 2.800 fardos de feno e palha que estavam no mesmo armazém. “Sabe Deus o trabalho que tivemos para os meter, para agora ir tudo pela água abaixo!”, lamentava, ontem, Nelson Gomes, que para dar de comer aos cerca de 38 animais que possui teve de pedir feno a um cunhado. “Este ano, por causa da seca, já ia mau, havia poucos pastos. Agora, nem pastos nem feno, não sei como vai ser!”, dizia o jovem agricultor.
A cobertura do armazém também ficou significativamente danificada. Com as altas temperaturas que o incêndio atingiu, as placas de zinco cederam.

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