A requalificação da Igreja de Santa Maria de Covas (do Barroso)

Público, 04/05/2014:

A Igreja Paroquial de Covas do Barroso, em Boticas, abriu de novo portas na passada semana depois de obras de requalificação. Esta iniciativa realizou-se no âmbito do projecto “Românico Atlântico”, desenvolvido pela Direcção Regional de Cultura do Norte e pela Junta de Castela e Leão, conjuntamente com a Fundação Iberdrola e com o apoio da Câmara de Boticas, que tem como objectivo proceder à intervenção num conjunto de monumentos românicos nas imediações do Rio Douro e Tâmega, situados nas províncias espanholas de Zamora e Salamanca e nas regiões portuguesas do Porto, Vila Real e Bragança.

Gentes de Covas do Barroso: uma "região difícil", a União Europeia e a agropecuária

Notícias Magazine 25/05/2014:

Em Covas do Barroso, Boticas, Trás-os-Montes, qua­se todos vivem da agricultura e todos conhecem o Zé Miguel. Filho de agricultores, cedo soube que viria da terra o sustento. Ou da criação de gado. Em 1993, com 25 anos, começou a sua própria criação, de ovelhas.

Covas de Barroso - Dia Internacional dos Monumentos e Sítios (2012)

Notícia do Jornal @tual - Diário do Alto Tâmega e Barroso
O Município de Boticas decidiu associar-se às comemorações do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, levando a cabo no próximo dia 18 de Abril um conjunto de actividades, inspirado no mote proposto para as celebrações deste ano: “Do Património Mundial ao Património Local: proteger e gerir a mudança”.
Desta forma, a Câmara Municipal organiza uma visita guiada ao património histórico de Covas do Barroso, uma das mais emblemáticas freguesias do concelho de Boticas. A iniciativa, que conta com a parceria do Ecomuseu de Barroso, tem início marcado para as 10h00, altura em que será visitado o Moinho e Engenho do Linho, sendo o ponto de encontro no Largo de Nossa Senhora da Livração, pelas 9h20, ou às 9h50 no Largo do Cruzeiro, em Covas do Barroso.

Ver notícia: Portal Câmara Municipal de Boticas

Visita a Covas do Barroso (IV Jornadas Luso-Galaicas)

Integrada nas actividades das IV Jornadas Luso-Galaicas de Turismo Cultural e Religioso, organizada pela Turel (TCR - Turismo Religioso e Cultural) em parceria com as Câmaras Municipais de Chaves e Boticas, foi realizada uma visita a Covas do Barroso.

Conforme a notícia do Jornal Ecos de Boticas, escrita por Sandra Pereira:

"No segundo dia das jornadas, sábado, um grupo de 50 pessoas – entre as quais, representantes do Turismo do Porto e Norte, Turismo de Portugal, Turismo de Lisboa e Xunta de Galiza, alunos do ramo turístico do Instituto Superior da Maia (ISMAI), do Curso de Turismo e Informação Turística de Braga e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) – seguiram para a aldeia de Covas do Barroso conhecer um rico património religioso popular. Apesar do dia chuvoso, a “comitiva” visitou o Cruzeiro (um símbolo paroquial do século XVIII), o Forno do Povo e a Capela de Nossa Senhora da Saúde. No final, a beleza dos painéis de pintura mural da Igreja de Santa Maria e a Torre Sineira de Covas impressionou muitos."


Restauro da Igreja de Santa Maria de Covas do Barroso

De acordo com a Agência Ecclesia (Agência de Notícias da Igreja Católica de Portugal), a igreja de Santa Maria de Covas do Barroso vai ser restaurada. Esse restauro resulta de uma parceria do Ministério da Cultura, da Junta de Castela e Leão e da Fundação Iberdrola e irá abranger 33 igrejas românicas de Portugal e Espanha (18 em Portugal e 15 em Espanha). Cada uma das instituições irá contribuir com um terço do da verba total do projecto, 4,5 milhões de euros.

Fazendo a média, estes valores apontam para 409.000 € disponíveis para o restauro de cada igreja. Uma boa notícia!

Para mais informações sobre este protocolo e seu contexto, consultar o Portal do Governo.

As notícias da tragédia de 2010: os incêndios florestais 2

Semanário Transmontano, 03/09/2010, Margarida Luzio

“Tanto trabalho para agora ir tudo pela a água abaixo!”

Eram cerca de 16h30. Nelson Gomes estava junto à sua vacaria, cercada de pinhal por todos os lados, como toda a aldeia de Covas de Barroso. O incêndio, parecia-lhe a ele, ainda andava longe. E andava, mas, de repente, levantou-se vento e as labaredas começaram a avançar a um ritmo alucinante e as falmegas acabaram por atingir o armazém do agricultor. “Quando dei conta, só tive tempo de fugir. Foi uma coisa muito rápida, nem a porta aos vitelos tive tempo de abrir”, recorda Nelson. Felizmente, os treze animais conseguiram sair sozinhos. “Sabe o que valeu? É que a fechadura era de pobres, um baraço dos fardos. E, eles, coitadinhos, quando se viram aflitos, forçaram e fugiram”, recorda uma familiar do jovem agricultor.
Reduzidos a cinzas ficaram os 2.800 fardos de feno e palha que estavam no mesmo armazém. “Sabe Deus o trabalho que tivemos para os meter, para agora ir tudo pela água abaixo!”, lamentava, ontem, Nelson Gomes, que para dar de comer aos cerca de 38 animais que possui teve de pedir feno a um cunhado. “Este ano, por causa da seca, já ia mau, havia poucos pastos. Agora, nem pastos nem feno, não sei como vai ser!”, dizia o jovem agricultor.
A cobertura do armazém também ficou significativamente danificada. Com as altas temperaturas que o incêndio atingiu, as placas de zinco cederam.

As notícias da tragédia de 2010: os incêndios florestais



De um momento para o outro, o inferno de chamas, que rodeava Ribeira de Pena e Boticas desde segunda-feira, foi-se, com os aguaceiros que caíram na região de Trás-os-Montes. Mas a chuva foi, em alguns casos, de enxurrada, e até arrasou culturas em Chaves...
Um inferno, o fim do mundo, uma coisa que nunca ninguém viu…Era assim que, ontem, a população de Covas do Barroso, Boticas, recordava o incêndio que no dia anterior queimou pinhais e pastagens, destruiu vacarias e matou seis vitelos.
Só a chuva que caiu (e provocou uma enxurrada em Chaves, ver página ao lado), ao meio da tarde de ontem, pôs fim ao incêndio que desde segunda-feira concentrou as atenções dos meios da protecção civil e transformou num pesadelo a vida das populações de algumas aldeias de Ribeira de Pena e de Boticas. Pelas contas do governador civil de Vila Real, Alexandre Chaves, terão ardido, pelo menos, seis mil hectares de pinheiro bravo.
“Milagre? Milagre era se viesse ontem. Agora faz falta, até para a agricultura, mas ontem é que fazia falta”, insurgia-se, ontem, o morador de Covas do Barroso, Napoleão Fernandes, referindo-se à chuva que, finalmente, acabara com o incêndio.
Agora as suas pernas já não lhe permitem fazer o que quer. Quando era novo e havia incêndios chegava-se tanto às chamas que até ficava com os braços empolados. Impotente, ontem, passou a tarde a ligar para os jornalistas. “Peguei na lista telefónica, era para os que apareciam. Só não dei com o da TVI. Disse-lhes :“quando foi por causa do padre viestes cá todos, agora para mostrar esta desgraça ao mundo não vem cá nenhum?”, lembra Napoleão, com um pau numa mão e enxada na outra.


A caminho de Barroso de Antero de Figueiredo (1918)

Antero de Figueiredo escreveu, em 1918, o livro de viagens e recordações que intitulou de Jornadas em Portugal. Nesse livro, ao fazer a apologia da viagem como forma de recordar e de auto-descobrimento, também faz a de Portugal, com o mesmo intuito.
Escreve ele: “Para que havemos de ir procurar, longe, o convívio frio das almas estrangeiras, se temos aqui, perto, o trato sincero das terras que foram dos nossos, onde viveram e morreram os nossos, onde pessoas e coisas nos são achegadas pelo sangue, pelo coração, pelas alegrias, pelas dores, pelos desastres e pelas glórias?"

Aqui fica o relato da sua viagem, feita num Buick, por alturas da Primeira República, entre Braga e o Barroso. Com os seus próprios fins estilísticos, recorda uma outra famosa viagem feita na mesma direcção, cerca de 450 anos antes, pelo arcebispo Frei Bartolomeu dos Mártires.


A caminho de Barroso

Esta abalada para os montes de Barroso, saindo de Braga antemanhã, numa luz de absinto aguado e num silêncio de prece, onde se coalham as badaladas das Ave-Marias a caírem, lentas, das torres cristas, acolá, alem...;—faz-me pensar naquela outra viagem a essa mesma serra, feita há trezentos e cinquenta e três anos, por Frei Bartolomeu dos Mártires, em sua segunda visitação pastoral, longa, trabalhosa, por despenhadeiros, cheia de casos extraordinários tidos como milagres.
Mas o enérgico arcebispo,—bondade activa o inteligente — no meio dos seus seguido de azêmolas de carga, cobertas com velhos telizes de veludo, brasonados, montava, paciente e contumaz, mula branca e vagarosa ; eu, moderno e insofrido, vôo num febril Buick americano, de seis cilindros e quarenta e cinco cavalos, que come léguas à razão de cinquenta quilómetros à hora.

Feminismo da década de 40

Descobri, na Casa do Sargaçal, em Covas do Barroso, esta notícia do jornal Da Mulher, de 05/11/1943.
Recorrendo a um médico inglês e ao método científico, mostra como "os estudos sérios, o trabalho intelectual muito árduo, as preocupações dos negócios, os trabalhos físicos muito rudes, exercem uma influência real e prejudicial sobre a beleza."
Portanto, fica o aviso: "Eis aqui um argumento, que, ao que nos parece, deverá influir talvez mais do que os outros de maior peso, para que a mulher pense a sério nos inconvenientes de querer igualar-se ao homem... Feia?... Isso, não!"
É caso para dizer: Pela beleza, contra a emancipação!

Produção de azeite em Covas do Barroso na década de 40


"Nas ribeiras do baixo barroso há sítios tão amenos, que em tudo são similhantes aos do Minho e Beira: a cultura das oliveiras seria de grande vantagem, e, se os lavradores as tivessem plantado, podiam não só colher azeite para si, mas até para consumo de todos os habitantes do concelho". (Ler mais em Archivo Pittoresco: o Barroso)


Lagares de Azeite

"Em tempos idos, existiram dois lagares de azeite em Covas do Barroso: o de Casa do Silva e o de Casa de Valdasnela. De início, os dois eram movidos a água, mas o de Casa de Valdasnela acabou por ser mecanizado, enquanto que o de Casa do Silva faliu. Em 1979, o segundo Lagar também acabou por deixar de funcionar, por causa de problemas entre os herdeiros da casa."
Fonte: Freguesia de Covas do Barroso

Receitas de Covas do Barroso - Rissóis de presunto

Descobri num livro de notas pertencente a Bertília Martins uma receita de rissóis de presunto. Assim se revela um dos petiscos que, há 60 anos, se comia em Covas do Barroso.

Rissóis de Presunto

"Toma-se um bocado de presunto magro (também serve carne fresca ou bacalhau) depois de convenientemente limpa passa-se pela máquina de picar ou se pica mesmo à mão. Mistura-se-lhe cebola e salsa também picadas miudinho.

O presunto deve ter sido previamente cozido. Depois de preparado o picado, dissolve-se numa pouca de água 8 colheres das de sopa de farinha de trigo à qual depois de bem desfeita se lhe juntam sete ovos inteiros e bem batidos. Tempera-se a massa que deve ficar mole, com sal e numa sertã aquecida em lume brando esfrega-se um bocadinho de toucinho gordo e depois da sertã engordurada com o toucinho deitam-se dentro algumas colheres de massa que se estende por toda a sertã que deve ser pequena e no centro coloca-se um poucochinho do picado já preparado e leva-se a sertã novamente ao lume. Logo que a massa enxugue enrola-se muito bem e tira-se o rissol para um prato. Preparados assim todos os rissóis deita-se azeite em abundância na sertã e põe-se em lume forte e aí se fritam novamente os rissóis que se vão voltando até ficarem lourinhos. Servem-se quentes a acompanhar batatas guisadas com vagens ou qualquer outro prato."

Receita de Bertília Martins

Covas do Barroso na blogosfera - As impressões

Ponto por Estrelas:
"Em Covas de Barroso, as criaturas nascem e morrem como em qualquer outra parte do mundo. Aí, onde havia rezas para quase tudo e crenças em quase tudo, qualquer homenagem feita a essas tradições cairá no goto, ainda que respigue alguma alteração ou mesmo adulteração pela usura dos tempos. Peço desculpa se me julgarem juiz em causa própria, e perdoar-me-ão, suplico, se aqui descobrirem algum pecado! Até porque este relato já pertence à tradição oral.
Naquele tempo, pelo menos, o dia-a-dia das gentes de Covas era diferente doutros lugares e doutras paragens, na maneira de estar e de ser, e de sentir. Ainda o passado se esgueira à esquina e com ele se esfumam os códigos de conduta sociais e comunitários que vestiam uma roupagem muito própria e muito sentida. Quem procurar uma costela do Portugal primitivo, justiceiro que nem revolucionário, dicotómico de agreste e selvagem a bondosamente ingénuo, vá nostalgicamente a Terras de Barroso. Lá encontrará o último reduto desse micro universo com atmosfera própria."


Offramp:
"VII - Covas do Barroso. Quando visito uma aldeia como esta sinto-me quase sempre na pele de um intruso. Quando a um primeiro sinal tímido se segue um sorriso como este, o receio de ser mal interpretado desvanece-se."