Visita a Covas do Barroso (IV Jornadas Luso-Galaicas)

Integrada nas actividades das IV Jornadas Luso-Galaicas de Turismo Cultural e Religioso, organizada pela Turel (TCR - Turismo Religioso e Cultural) em parceria com as Câmaras Municipais de Chaves e Boticas, foi realizada uma visita a Covas do Barroso.

Conforme a notícia do Jornal Ecos de Boticas, escrita por Sandra Pereira:

"No segundo dia das jornadas, sábado, um grupo de 50 pessoas – entre as quais, representantes do Turismo do Porto e Norte, Turismo de Portugal, Turismo de Lisboa e Xunta de Galiza, alunos do ramo turístico do Instituto Superior da Maia (ISMAI), do Curso de Turismo e Informação Turística de Braga e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) – seguiram para a aldeia de Covas do Barroso conhecer um rico património religioso popular. Apesar do dia chuvoso, a “comitiva” visitou o Cruzeiro (um símbolo paroquial do século XVIII), o Forno do Povo e a Capela de Nossa Senhora da Saúde. No final, a beleza dos painéis de pintura mural da Igreja de Santa Maria e a Torre Sineira de Covas impressionou muitos."






Covas do Barroso revelou património religioso “pouco conhecido”


A quarta edição das Jornadas Luso-Galaicas também passou pelo concelho de Boticas. Em Covas do Barroso, estudantes e representantes de entidades do turismo visitaram o Cruzeiro, o Forno do Povo, a Capela de Nossa Senhora da Saúde e apreciaram a beleza dos painéis de pintura mural da Igreja de Santa Maria



Depois de Braga, Famalicão e Guimarães, a quarta edição das Jornadas Luso-Galaicas de Turismo Cultural e Religioso decorreu em Chaves e Boticas, nos dias 29 e 30 de Outubro, reunindo 120 participantes. O “vasto e rico património religioso destas terras” ditou a escolha de paragens transmontanas, explicou Varico Pereira, director técnico da Turel, uma associação de desenvolvimento e promoção de turismo cultural e religioso, responsável pela organização das jornadas, cujo debate decorreu no Centro Cultural de Chaves.
No segundo dia das jornadas, sábado, um grupo de 50 pessoas – entre as quais, representantes do Turismo do Porto e Norte, Turismo de Portugal, Turismo de Lisboa e Xunta de Galiza, alunos do ramo turístico do Instituto Superior da Maia (ISMAI), do Curso de Turismo e Informação Turística de Braga e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) – seguiram para a aldeia de Covas do Barroso conhecer um rico património religioso popular. Apesar do dia chuvoso, a “comitiva” visitou o Cruzeiro (um símbolo paroquial do século XVIII), o Forno do Povo e a Capela de Nossa Senhora da Saúde. No final, a beleza dos painéis de pintura mural da Igreja de Santa Maria e a Torre Sineira de Covas impressionou muitos.
Paulo Sá Machado, da Câmara de Boticas, foi o anfitrião da visita e deu uma ideia não só das tradições, mas também dos projectos em curso no concelho. “Boticas tem potencialidades muito grandes que ainda não foram descobertas no aspecto turístico, principalmente no patrimonial sacro. Tem igrejas que merecem ser visitadas, tem um espólio das chamadas alfaias religiosas e algumas peças preciosíssimas que a maior parte não conhece”, apontou.
Como município membro da Turel, a Câmara de Boticas fez “uma pressão” para levar os participantes das Jornadas Luso-Galaicas ao concelho, de modo a serem “portadores de uma mensagem de que vale a pena vir a Trás-os-Montes e Boticas”, explicou Sá Machado. Mas porquê mostrar Covas do Barroso? “O monumento mais significativo [da aldeia] é reconhecido nacionalmente como património importante e esta Igreja necessita de uma intervenção rápida porque é a única que ainda tem estes murais. Em frente à porta principal, temos um belíssimo campanário frontal com os sinos e a imagem de D. Afonso, que é muito raro em Portugal”. Os compassos, as festas dedicadas aos santos padroeiros e de agradecimento à protecção dos animais são rituais que ainda persistem no concelho.
“Só podemos preservar este património se as pessoas souberem que existe”
Lígia Azevedo, estudante de mestrado de património e desenvolvimento do ISMAI, nunca tinha visitado Covas e gostou: “tem um património riquíssimo que deve mesmo ser aproveitado”. E não só. “Além de usufruirmos da paisagem e do património em si, também há aquela paz de espírito interior que é reconfortante”, notou a jovem, que admite aconselhar as pessoas a visitar o concelho e quem sabe elaborar uma tese de mestrado que seja tema de discussão nas câmaras e entidades do turismo. Maurício Dias, 20 anos, é estudante brasileiro Erasmus no curso de Turismo da UTAD e admite “ter grande interesse pela cultura da região”. Tal como Lígia Ferreira, veio explorar um património desconhecido em Boticas. “Depois de conhecer, acho que há bastante coisas interessantes”, referiu.
Para o director técnico da Turel, esta foi uma visita onde “o trabalho de inventário revelou um património fabuloso e uma região com bastante potencial e recursos muito valiosos”. “Fiquei muito admirado com o trabalho que tem sido feito em Boticas, com a riqueza e diversidade desse património, não me restringido apenas ao religioso, mas também ao histórico e cultural, e mesmo ao imaterial que é fabuloso, interessante e deve ser recuperado”, confessou Varico Pereira.
Contudo, “só podemos preservar este património se as pessoas souberem que existe” para o transmitir às gerações futuras, notou o responsável. Por isso, “já temos programas para Boticas e já há operadores a visitar o concelho, mas acreditamos que com esta iniciativa vamos conseguir elaborar mais roteiros culturais e religiosos, que permitirá aumentar a oferta e a procura de turistas por estas terras”, acrescentou Varico Pereira. Uma oferta que terá, contudo, de assentar na valorização e conservação do património e estar articulada com todas as valências da região transmontana, rematou.
"Este é um turismo boca a boca. Não é feito com campanhas de televisão”, considerou ainda Paulo Sá Machado. A falta de população e a distância dos grandes centros não despertou ainda interesse de investigação, mas esta realidade está a mudar. Depois do Douro, será a vez desta região ser a “coqueluche” dos operadores turísticos, acredita. Nas jornadas, “poucos sabiam que os Caminhos de Santiago passavam por Tilhó. Trás-os-Montes ainda não foi culturalmente descoberto e agora temos uma oportunidade única”. De resto, no concelho, “a população está a mentalizar-se cada vez mais que vale a pena apostar no seu património e defendê-lo”, até pelo aumento do número de vistas às exposições da câmara, assegura.
Para Varico Pereira, as IV Jornadas Luso-Galaicas “foram um sucesso porque estamos a falar de territórios periféricos e grande parte dos participantes veio do litoral”. Já sobre a breve excursão a Covas do Barroso, Varico Pereira não duvida que “é com este tipo de acções que se desperta o interesse das pessoas e curiosidade de visitar para que possam regressar com mais calma”.
Sandra Pereira

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