Valor e uso da água em Covas do Barroso

"Dado o valor deste recurso, acontece por vezes que quem vende as parcelas agrícolas, não associe à transacção os direitos de rega, conservando-os, servindo-se deles para regar outras. Acontece, embora raramente, o contrário, alguém vender os direitos de água e ficar com o terreno. Por causa da multiplicidade de transacções possíveis, nem
sempre os direitos de água estão directamente relacionados com a área a regar. Uma forma que os agricultores utilizam, para preservar os direitos de água a que cada uma das suas parcelas agrícolas tem direito, é registar, juntamente com estas, os direitos de água.
A divisão da água processa-se em períodos temporais ou em quantidades de água, sendo que cada um deles assume uma multiplicidade de formas, ao longo do território concelhio. Os períodos temporais podem ser horas solares, de amplitudes temporais variáveis, ou horas “de relógio” como por vezes são designadas. As horas solares, que indicam quando se deve ceder ou desviar a água, são definidas pela sombra, em determinados locais. Por exemplo, o Sol Quente, em Covas do Barroso, é quando o sol toca num penedo localizado no crasto, ou então definem as “horas” consoante a sombra toca os riscos marcados na base dos cruzeiros, como também acontece em Covas do Barroso, ou ainda através de relógios de sol, como por exemplo em Veral. Estas “horas” têm uma dimensão temporal variável, podendo cada “hora” corresponder a períodos temporais de 4, 8, 12 ou 24 horas, consoante a aldeia." [pág. 115]

Imagem (Rol de Rega de Covas do Barroso) e texto da monografia: Preservação dos Hábitos Comunitários nas Aldeias do Concelho de Boticas, Ed. Câmara Municipal de Boticas


Um estudo académico(em Inglês) de um sociólogo holandês sobre o uso e gestão da água em Trás-os-Montes. Inclui um estudo de caso sobre Romainho (Covas do Barroso): The Art of Irrigation, Adri L.J. van den Dries

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