Impressões dos viajantes: chegar a Covas do Barroso

Nos fundos das serras do Barroso, há um oásis de verdura, feito pelos milharais e bardos da e vinha morangueira, empoleirada pelas oliveiras e outras árvores, que como se costuma dizer, "lhe servem de escadas".
Essa maravilhosa aldeia que é "transição" de Trás-os-Montes e Minho ao mesmo tempo, tem uma gente simpática, com bons contactos humanos resultantes das muitas visitas que todos os dias ali ocorrem, por causa dos seus monumentos ou dos povos limítrofes.
Covas do Barroso, é uma povoação distante, com o acesso bastante difícil, cheia de curvas, descendo-se em pouco espaço centenas de metros. É uma via que custa percorrer. Esta gente, isto é, a sua origem, deve perder-se nos tempos, pelo menos proto-históricos, dado o ambiente arqueológico em que se insere.

Há os castros relativamente próximos do Lezenho, do Muro. Entre Campos e Covas, junto à estrada, do lado esquerdo da descida e à vista desta, está um pequeno castro, denominado Alto do Castro.
Podemos ainda falar nas antigas povoações da freguesia, extintas por motivo da peste dos finais do século XVI (1560), que reduziu ao silêncio as aldeias de Cabanelas e de S. Martinho, lugares de que restam apenas os topónimos a recordar que existiram no tempo, após a época medieval.
É assim o curso da vida, não só do homem como das próprias povoações. Covas do Barroso tem bons terrenos, com água. Por isso, tem boa aptidão agrícola e pastoril e daí a riqueza que naturalmente emerge da agricultura e dos gados.
Os montes, que não estão florestados, encontram-se cobertos de um manto de urzes rasteiras e de carqueja, onde as abelhas procuram o precioso néctar causador daquele mel, que pela sua pureza e teor calorífico é considerado como de grande qualidade, pelo que tem muita procura.
Os vinhos, não são graduados, porque ali predomina o vinho de enforcado, à base de morangueiro.
Etnograficamente, como em toda a parte, os usos e costumes também se vão alterando. Aqui havia usos e rituais na altura dos casamentos, hoje já não são praticados, que remontavam, segundo os etnólogos, aos tampos da Alta Idade Média. Mas, pelos vistos, tudo isso, se perdeu.
É uma das mais importantes e maiores freguesias do concelho de Boticas.

José Ribeiro | 29 de Outubro de 2001

O resto do texto e entrevista: Jornal Região Transmontana

Sem comentários: