| Estando eu à minha janela, cosendo na minha almofada, |
2 | passou cavaleiro, pediu-me pousada. |
| Meu pai não lha deu, porque não gostou nada, |
4 | mas deu-lha minha mãe, por ser confiada. |
| Entrou p`ra dentro, pousou a espada. |
6 | No meio da noute a mim me levou; |
| no meio do monte me degolou; |
8 | fez uma cova, ali me enterrou. |
| Dali por sete anos, por ali passou. |
10 | --Pastorinhos, que guardais o gado, |
| que ermida é aquela, lá naquele adro? |
12 | --É Santa Iria, que morreu degolada. |
| --Ó Santa Iria, meu amor primeiro, |
14 | perdoa-me a morte, que eu serei teu romeiro! |
| --Não perdoo, não, ladrão carniceiro, |
16 | dos meus cabelinhos fizeste dinheiro; |
| do meu pescocinho fizeste carneiro.-- |
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